terça-feira, 16 de novembro de 2010

nova oportunidade? (:

Não levaram muito tempo a expor os seus trunfos, como num jogo de cartas, mas depressa descobriram que nenhum tinha a jogada perfeita…
O passado, ainda que invocado, encorajado, convidado não poderia dar-lhes mais do que já tinha dado. Nesse momento olhavam um para o outro como se tudo representasse uma oportunidade perdida e as suas mentes juntas em sintonia como o som e o silêncio, decidiram que o futuro começaria agora.
Á primeira vista e ao fim de contas, pouco mais havia que uma dúzia de pequenas coisas que tinham vivido juntos, coisas essas que eram apenas sementes de qualquer coisa, uma coisa perdida no tempo e que se afiguravam demasiado interessantes para serem desperdiçadas.
Restava-lhes agora enfrentar uma segunda ou terceira oportunidade de inventar, jogar ao faz de conta, salvar a situação mergulhando num esforço continuo de especulações. Tiveram desde sempre ânsia por algo explosivo, como aquilo que consideravam mais profundo, inexplicável, que mudasse as suas vidas, algo prestes a acontecer.
Havia tanto por dizer, tanto por descobrir, …
Talvez destruísse a sua vida, talvez o aniquilasse, por outro lado, talvez se limitasse a abanar o mundo e deixa-lo as mãos do destino aberto ás consequencias, quaisquer que elas fossem. Conseguia ver a consciencia a impor-se, como se a leveza cedesse lugar á gravidade, ali ele teve certeza que ela "sabia"!
- Tens medo?
- já não sei nada, só te peço que não me abandones agora.
-Tens medo?
-Parece-te que sou lunático é?
-Não, eu acredito em ti.
-Vais ficar a assistir comigo?
Hesitou e pela terceira vez perguntou…
-Tens medo?
-Não sei, se ficares a assistir comigo podes ajudar-me neste caminho e dizer-me o que te parece. Ficas?
-SIM, ficarei a assistir contigo!
Estavam, agora, os dois, juntos á deriva. O facto de ela saber deixava-o confortavel.
Mas foi a  invulgar sorte de ter tropeçado no mesmo outra vez que o tornou indiferente a quaisquer outras questões, o futuro deixava antever o que isto ajudou a preservar mas se alguém “soubesse”… talvez ele se deparasse com o riso de um mundo insensível e cruel. Mas, é a vida!
-Sou eu a única pessoa que sabe?
- A única em todo o mundo.



sexta-feira, 12 de novembro de 2010

É porque tem de ser.

Finalmente conseguiste, chegaste lá, pensavas que a luta tinha terminado, que tudo ia  começar a correr bem, o sol ia brilhar, as cinzas eram parte do passado e que era tempo de aproveitar a vitória.
Um segundo, apenas um segundo e tudo se desmorona.
Mil, seissentos e vinte dias que de nada valeram, nunca mais as coisas vão voltar atás, nada vai voltar a ser o mesmo e o pior é que descobriste que foste incapaz de aprender alguma coisa com tudo isto.
Lutaste, ergueste-te e caíste. 
A desilusão encheu a tua cabeça, os pesadelos não te deixam mais dormir, até que chegou ao ponto em que  perdeste a noção do que é real. Não sabes no que te tornaste e no fim acabas sempre a sentires-te sozinho, derrotado, desiludido.
A tua vontade é deixar tudo para trás.
Talvez começar de novo mas se assim for,  bem longe de tudo o que já  foi teu, recompores- te ou pelo menos arranjar maneira de esquecer as memorias daqueles dias.
Olhas para trás e apercebes-te que não tens forças para esquecer, não consegues seguir em frente. Reconheces todos os sonhos que ficaram para trás, os planos frustrados, as mentiras que tomavas como certas, aqueles que mesmo sem querer acabaste por perder.
Não sabes porquê tu, porquê contigo apenas sabes que tens o direito de os considerar o caminho para o agora, o teu agora.
Apenas é porque tem de ser.